Ainda antes do jogo contra o Augsburgo, Dino Toppmöller já tinha anunciado que Hugo Ekitiké tinha boas hipóteses de entrar no onze inicial. A recompensa por uma boa prestação na semana anterior, em que o Eintracht Frankfurt se tinha envergonhado diante do Estugarda (derrota por 0-3).
O francês de 21 anos tinha uma dívida a honrar. O seu historial de lesões é longo e por vezes um pouco misterioso. Mas o seu talento é indiscutível. Não é à toa que se chega ao plantel estrelado do Paris Saint-Germain. Antes de se mudar para a capital francesa, destacou-se no Stade Reims, marcando dez golos pelo clube do meio da tabela, com apenas 19 anos.
Krösche continua persistente
O diretor desportivo Markus Krösche tinha organizado o negócio. Na verdade, Ekitiké deveria ter sido transferido para o Frankfurt no verão passado. A hesitação em torno de Randal Kolo Muani fez com que a transferência não se concretizasse à primeira tentativa. No entanto, foi encontrada uma solução adequada para Kolo Muani no dia do prazo final, com o Eintracht Frankfurt a renunciar a parte da taxa de transferência original para não prejudicar as relações diplomáticas com os parisienses.
Um movimento estratégico que valeu a pena: A transferência deu certo à segunda tentativa. Desta vez, no dia limite do período de inverno. O PSG aceitou um acordo que, em caso de dúvida, favorecia o Frankfurt. Um empréstimo com opção de compra - uma solução absolutamente ideal do ponto de vista do Eintracht. O risco económico era relativamente baixo e os negócios falhados só podem ser suportados até certo ponto.
No entanto, rapidamente se tornou claro que o estado de saúde de Ekitiké era de facto preocupante. O sucesso da transferência só foi comunicado à DFL no último minuto e só foi confirmado ao público uma hora após o fim do período oficial de registo. O francês passou horas em exames médicos, o que provavelmente não foi uma coincidência.
Ekitiké ainda demorou um pouco para mostrar o seu talento aos adeptos da Bundesliga alemã. Demorou algum tempo a familiarizar-se com a equipa, embora não houvesse tempo para o fazer. Os dois jogadores mais fortes do ataque, Omar Marmoush e Fares Chaibi, estavam na CAN. O treinador Toppmöller e o diretor desportivo Krösche perderam gradualmente a paciência depois de Sasa Kalajdzic ter sofrido uma grave lesão nos ligamentos cruzados.
A titularidade com o Augsburgo
Ekitiké ameaçava tornar-se um eterno prodígio. Um mega talento que quase ninguém viu jogar. A sua vulnerabilidade física, a sua atitude na formação e a sua tendência para a extravagância dificultaram inicialmente a sua integração em Frankfurt.
Na sexta-feira, porém, Hugo Ekitiké aproveitou a sua grande oportunidade. No jogo em casa contra o Augsburgo, pôde mostrar o seu valor desde o início. A sua falta de ritmo de jogo foi notória na primeira parte. Ekitiké tentou fazer tudo na perfeição. Uma sobreposição perto da sua própria área terminou numa perda de bola feia, que não foi penalizada com um golo, mas que enfureceu Toppmöller. E com razão.
O jogador emprestado pelo PSG parecia estar a jogar sobretudo para si próprio e não para a equipa. Ekitiké parecia isolado e perturbado por cada erro. Uma mistura tóxica de emoções. Não havia apoio dos seus companheiros de equipa. Depois de quatro jogos consecutivos sem vencer na Bundesliga, a equipa estava extremamente perturbada, tanto mais que uma certa insegurança se fazia sentir no clube há várias semanas.
O jogo em casa contra o Augsburgo foi muito importante para o Eintracht Frankfurt. A vitória por 3-1 garantiu, por enquanto, o sexto lugar na tabela e, idealmente, a participação na competição favorita do clube de Hessen na próxima temporada, a Liga Europa, que o clube conquistou de forma sensacional em 2022.
O seu grande momento
Hugo Ekitiké não foi substituído ao intervalo, apesar de uma má prestação, apesar de a sua equipa estar a perder por 1-0. A decisão de Dino Toppmöller foi recompensada. Primeiro, Chaibi empatou aos 55 minutos e, seis minutos mais tarde, Ekitiké teve o seu grande momento.
Quase voltou a perder a bola, mas manteve-se em ação e não baixou os braços nem por um segundo. De repente, só tinha os olhos na bola, tocou-a, colocou-se na posição perfeita de finalização e meteu a bola na baliza. Um remate poderoso, tão preciso como o de Guilherme Tell no seu auge.
Era o golo decisivo para uma vantagem de 2-1. Marmoush deveria ter feito o resultado final de 3-1 nos instantes finais, mas o egípcio encontrou uma baliza vazia após um contra-ataque nos descontos e enfrentou uma resistência mínima. Sem o golo de Ekitiké, sem a sua grande capacidade de finalização - que é única no atual plantel do Eintracht - o Frankfurt muito provavelmente não teria ganho este jogo. E ainda teria de se preocupar com a possibilidade de ser ultrapassado pelo Augsburgo na tabela.
Mais do que um empréstimo?
Quando Hugo Ekitike foi substituído aos 78 minutos, toda a Bundesliga soube do seu talento. O seu golo será mostrado em inúmeros resumos, discutido em podcasts e celebrado pelos utilizadores do Twitter. Ekitiké não pode continuar a ser ignorado. Esta ação foi simplesmente demasiado forte para isso, a sua história é simplesmente demasiado bonita.
Uma semana depois da vitória por 3-1 sobre o Augsburgo, a transferência tornou-se finalmente uma realidade. O Eintracht Frankfurt fez do avançado francês a nova aquisição recorde do clube e exerceu a opção de compra fixada contratualmente. Segundo os rumores, o valor da transferência é de cerca de 30 milhões de euros.
"Nas suas aparições até agora, Hugo mostrou a qualidade que tem", disse o diretor desportivo Markus Krösche.
"Estamos firmemente convencidos do seu grande potencial e esperamos vê-lo com a camisola do Eintracht para além da presente época", acrescentou.
Krösche já havia mostrado entusiasmo com o talento de Ekitike no início de fevereiro.
"Já estávamos convencidos com ele no verão e não rejeitamos a ideia." Uma frase que é quase única no negócio do futebol em rápida evolução. Será que a paciência compensa? Se Ekitiké continuar a história de sucesso que começou agora em Frankfurt, a resposta é simples: sim, a paciência compensa.