Rali de Portugal: Ogier trocou a reforma por um lugar na história

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Rali de Portugal: Ogier trocou a reforma por um lugar na história

Ogier triunfou em Portugal
Ogier triunfou em PortugalRally de Portugal/Facebook
O francês Sébastien Ogier (Toyota Yaris) entrou este domingo para a história do Rali de Portugal, ao tornar-se no mais vitorioso de sempre, com seis triunfos, mais um do que o finlandês Markku Alén.

Um recorde que demorou sete anos a ser quebrado e que implicou que o oito vezes campeão mundial saísse de uma reforma a tempo parcial. Desde o final de 2021, e a conquista do oitavo cetro, que o francês, natural de Gap, trocou a profissão de piloto a tempo inteiro para se dedicar à família, fazendo aparições esporádicas no Mundial de Ralis (WRC).

Desde esse momento, soma seis triunfos, um em 2022 (Espanha), três em 2023 (Monte Carlo, México e Quénia) e dois em 2024 (Croácia e Portugal).

Depois de ter falhado a prova lusa em 2023, este ano voltou a uma corrida que já tinha arrebatado por cinco vezes (2010, 2011, 2013, 2014 e 2017).

Ogier, que ganhou pela Toyota com já tinha ganho pela Ford, VW e Citroën, é o segundo piloto mais vitorioso na disciplina, apenas atrás do homónimo e antecessor Sébastien Loeb, e também o segundo campeão por três marcas diferentes (Volkswagen, Ford e Toyota), algo que conseguiu em 2020, replicando o finlandês Juha Kankkunen, campeão com Peugeot (1986), Lancia (1987 e 1991) e Toyota (1993).

Curiosamente, Ogier apenas não conseguiu ser campeão com a Citroën, a marca que o lançou no mundo dos ralis, da qual saiu em 2012, por se sentir tapado por Loeb, e à qual voltou em 2019 com o objetivo de ser campeão, após seis títulos consecutivos.

No entanto, o casamento com a marca francesa não resultou e durou apenas um ano, tendo antecipado o divórcio, trocando o duplo Chevron pela japonesa Toyota, aonde foi ocupar o lugar deixado vago pelo recém-campeão Ott Tanak.

Cada vez mais longe da sombra do compatriota, Ogier distingue-se pelo trato fácil e simpatia, igualando os dotes na condução. Casado com uma apresentadora alemã de televisão, com quem tem um filho de sete anos, tem na família um importante suporte.

Ogier venceu novamente em Portugal
Ogier venceu novamente em PortugalRally de Portugal/Facebook

O piloto gaulês, que foi ginasta na adolescência, explicou que "uma das razões para deixar o Mundial foi para passar mais tempo em família". Outra era a de cumprir o sonho de correr nas 24 Horas de Le Mans, que realizou em 2022, ano em que terminou em 13.º na geral e nono dos LMP2.

O amor pela competição começou a ver os troços do rali de Monte Carlo, que passam literalmente à porta de casa. Trabalhou como mecânico e instrutor de esqui, antes de ver as portas dos ralis abrirem-se numa formação de preparação de carros de competição.

Como a equipa para a qual trabalhava já participava no Rally Jeunes, prova de captação de talentos, um dia decidiu inscrever-se. Foi quanto bastou para começar a fazer história.

Daí ao Mundial de Juniores foi um ‘passinho’, que o fez aterrar na Citroën Junior Team em 2009.

Alcançou a primeira vitória no ano seguinte, precisamente em Portugal, causando espanto por ter batido o então incontestado Loeb.

O triunfo no Algarve levou os responsáveis da Citroën a colocarem um carro oficial nas mãos do seu jovem pupilo na segunda metade do campeonato de 2010 e Ogier não desiludiu, tendo vencido no Japão e terminado em segundo lugar no difícil Rali da Finlândia.

Em 2011, venceu cinco provas, reeditando o sucesso em Portugal, mas terminou o Mundial no terceiro lugar. A convivência com Loeb não foi pacífica e Ogier deixou a Citroën no fim da temporada, por considerar que nunca poderia ser campeão enquanto o compatriota estivesse na equipa.

Ogier apostou na Volkswagen e no desenvolvimento do Polo R WRC, que apenas faria a estreia oficial na época seguinte, o que o levou a participar no campeonato de 2012 ao volante de um pouco competitivo Skoda Fabia S2000, tendo como melhor resultado um quinto lugar, na Itália.

A entrada da Volkswagen no Mundial de Ralis, em 2013, não poderia ter sido mais triunfante, com Ogier a vencer nove das 13 provas, beneficiando do facto de Loeb ter participado apenas em ‘part time', ainda assim impondo-se em dois dos quatro ralis que disputou.

Ogier em Portugal
Ogier em PortugalProfimedia

Ogier e a Volkswagen prolongaram o sucesso nos três anos seguintes, em 2014, 2015 e 2016, até que o surpreendente abandono da competição por parte da marca alemã levou o francês a procurar uma nova ‘casa', optando pela M-Sport, sempre com o compatriota Julien Ingrassia como copiloto do Ford Fiesta.

Sem perspetivas de evolução, em 2019 regressou à Citroën, sem sucesso.

Ameaçou com o final de carreira para se ver livre do contrato com os franceses e acabou por rumar à Toyota, órfã de Tanak.

Em 2021 conquistou o oitavo título mundial, ficando a um do recorde de Loeb.

A pandemia levou o piloto natural de Gap a adiar a ideia de reforma, prevista inicialmente para o final de 2020, renovando por mais um ano com a equipa nipónica. Contudo, a conquista do oitavo título e a possibilidade de igualar o recorde não fez Ogier mudar de ideias.

Desde 2022, tem feito aparições esporádicas em provas do Mundial de Ralis, continuando a somar vitórias. Como a de hoje, na 57.ª edição do Rali de Portugal, que lhe vale um lugar na história.